Economia
Petrobras (PETR3; PETR4): 02 pilares abalados e mercado fica em alerta
Maior empresa brasileira, a Petrobras experimentou um grande tombo em suas ações na última segunda-feira (23). Os papéis preferenciais (PETR4) caíram 6,61%, a R$ 35,35, enquanto que os ordinários (PETR3) tombaram 6,03%, a R$ 38,35. Para os primeiros, aliás, foi a maior baixa desde o último mês de 2022, quando caíram 7,93% em 14 de dezembro. Vale destacar que a petrolífera corresponde a mais de 11% do Ibovespa na soma de suas ações preferenciais e ordinárias, o que resultou numa queda de 0,33% do índice nesse 23 de outubro.
Mas o que aconteceu para uma organização avaliada em torno de R$ 500 bilhões cair de forma tão drástica? Duas coisas: medo de um impacto negativo na governança corporativa e de uma queda no pagamento de dividendos. Ou seja, dois pilares que têm sustentado a gigante desde a crise decorrente da corrupção observada na década anterior.
Políticos na Petrobras novamente?
Ontem (23), o Conselho de Administração da Petrobras anunciou a aprovação de uma proposta de revisão do seu estatuto, a qual tem por intuito abolir alguns limites para a indicação de membros para os principais cargos diretivos da empresa. Traduzindo: essa medida tende a facilitar a entrada principalmente de políticos na direção da estatal. Devido a isso, o mercado reagiu muito mal ao comunicado, pois teme que a organização volte a ser usada para fins políticos – ainda mais quando tais fins resultam em corrupção.
A referida proposta se baseia em uma decisão que Ricardo Lewandowski, ex-ministro do STF, teve em março desse ano. A saber, ele suspendeu os efeitos de um trecho da Lei das Estatais, aprovada pelo Congresso Nacional em 2016, durante o “clima” de combate à corrupção gerado pela Operação Lava Jato. Essa parte da Lei basicamente restringia indicações de pessoas envolvidas com o ambiente político para as funções de conselheiros e diretores da estatal.
O grande problema é que a deliberação de Lewandowski foi liminar, isto é, temporária. Sendo assim, ela não reflete o entendimento completo do Supremo Tribunal Federal, que ainda precisa posicionar-se de modo definitivo sobre o tema.
Diante de tudo isso, o mercado interpretou que essa atitude da empresa talvez tenha o intuito de novamente a disponibilizar ao sistema político, o que já não deu certo no passado.
E em relação aos dividendos?
Outro movimento da petrolífera que assustou o mercado foi a proposta de criação de uma reserva de remuneração de capital. Basicamente, essa reserva permitiria a retenção de parte do lucro da organização, constituindo um recurso que poderia ser utilizado para fins de recompras de ações, absorção de prejuízos, entre outros.
Apesar de a Petrobras assegurar que essa “poupança” somente ocorrerá depois do pagamento dos dividendos obrigatórios, o comunicado não foi bem recebido pelo investidores. Isso porque existirá uma maior chance de diminuição na distribuição de dividendos extraordinários, já que o excedente de caixa poderia ser direcionado para a reserva em questão. Como a política de dividendos observada nos últimos anos é um dos principais atrativos da empresa, o mercado teme que haja uma limitação dela.
O que acontecerá com as ações da Petrobras?
Como os papéis da companhia (PETR3; PETR4) tiveram uma queda acentuada, pode-se dizer que os compradores perceberam as duas notícias de forma negativa. Contudo, o mais adequado no momento é aguardar. Isso porque é necessário principalmente verificar como o governo se portará diante da possibilidade de fazer indicações para altos cargos da empresa. No entanto, vale destacar uma coisa: o risco político novamente assombra a Petrobras. Com ele, a volatilidade das ações tende a acentuar-se até que novos detalhes sobre as polêmicas mudanças apareçam.
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